Algumas Críticas



Luís Castro Lopo é um dos raros pintores hiperrealistas, senão mesmo o único do nosso país. Participou já em diversas exposições. A força da sua juventude transparece no realismo das suas telas, o que leva muitas pessoas a aproximarem-se o mais possível do quadro para verem se não se trata duma colagem ou de uma ilusão óptica. Castro Lopo revela um grande domínio da cor e da luz. Ao olhar para uma pintura descobre-se com relativa facilidade a hora em que o pintor transmitiu à tela  com o pincel e o óleo a sua criação artística. Nesta exposição revivem pedaços da capital de Portugal. Os amores eternos de Lisboa e do Tejo que continuam fiéis, apesar dos maus tratos que a cidade inflige ao seu rio. A transparência destas águas no silêncio está a exigir que também sejam assim límpidas as do Tejo, para bem de todos. O elevador de Santa Justa talhado no ferro, a Avenida Almirante Reis com um dos seus belos edifícios. Um remendo em ocasiões de emergência em que na falta de vidro as janelas são engalanadas com tijolos. Pedaços de Lisboa onde só não aparece a multidão de pessoas que diariamente lhe dá vida e cor. Ao movimento, à azáfama da gente, o pintor prefere a imobilidade total, talvez para que ninguém se distraia com ninguém e possa contemplar em silêncio e sossego o que é belo.

Armando Ramos
(RTP em 17-05-1988)



Saudade, melancolia, angústia, a todos estes sentimentos nos faz transportar Luís Castro Lopo, nas suas janelas, nos seus edifícios de Lisboa, nas suas paisagens litorais. Para lá das formas, é fácil adivinhar muitos mundos, para lá dos mundos, adivinham-se, por outro lado, muitas emoções.
Por isso é que o artista se fecha no seu silêncio, compreensível, porque fruto de uma vida interior que é necessariamente rica e cheia de compensações sensoriais.
No princípio de uma carreira, os trabalhos apresentados nesta mostra auguram indiscutivelmente um futuro brilhante, pronto a dar muito que falar.

Rodrigues Vaz
in "O Êxito", 14-01-1988



A predominância é de figuras femininas, em atitudes românticas, expressivas de uma sensibilidade atraente, que estabelecem uma corrente contínua de simpatia com o observador.
A luz do sol domina em todos os quadros, realçando as atitudes, o vestuário, a estação do ano, a hora do dia e o espaço, isto é, a relação da pintura com o meio em que se insere a representação do espaço natural ou imaginário.
As cores, em relação lógica com o objeto e com o ambiente, são muito bem graduadas e relacionadas, sentindo despertar em nós uma poesia pura, à margem de significados intelectuais ou eróticos, expressão de uma sensibilidade invulgar do criador, cuja criação pode ser sintetizada na bela frase: "A cor da poesia é a poesia da cor".

Manuel Silvério
in "Região de Leiria", 25-05-1990



O realismo impõe a sua lei nos quadros de Luís Castro Lopo, a lei da obra bem executada. Domina o desenho e a técnica e possui uma sensibilidade especial para recriar a realidade. Não evita as dificuldades e a figura, tema em torno do qual gira a sua obra, aparece envolta de um contorno ambiental, frequentemente repleto de detalhes, que a acolhe e embala. Obra entregada ao pormenor captado com elegância e sensibilidade a deste sensível artista luso.

J. Julio
(GAL-ART, Barcelona, Fevereiro/93)



Há anos que conhecemos a pintura de Luís Castro Lopo vista em Lisboa, no Estoril e Colares e a espaços noutros lugares e o imenso caminhar num fecundo labirinto de imagens, que enchem o nosso vazio estético ou dando relevância às nossas próprias experiências críticas, reais ou oníricas, tal a segurança admirável do traço e do desenho dum "esteta" que plasma na tela o seu depoimento pessoal e onde a figura, mormente, feminina toma culminâncias líricas de influências clássicas e as "renovações" da descrição literal do "quase retrato", na perspectiva subjectiva dum raro encanto.
Presença sempre fecunda no sentido pictórico e na defesa duma filosofia esteticista que revela, em pormenor, uma certa intimidade da realidade biológica da figura de mulher no ângulo de visão romântico mas predominantemente viril na ordem do intelectual, do estudo, nos contrastes da luz, da cor, que é nesta pintura de Castro Lopo, os centros vitais de composição anatómica do desenho para surgir em magnífica plenitude de composição.
O meu conhecimento desta singular pintura vem desde a sua primeira mostra na Sociedade de Belas Artes e a caminho percorrido com persistência, fé e saber, é no seu percurso a tipologia de um neorealismo, onde a natureza e a figura, possuem uma fina sensibilidade, na "novidade" pictórica, na viabilidade de um artista que se agiganta de exposição em exposição, como se a arte fosse a sua própria vida; numa vida vivida com a maior dignidade.
É que Luís Castro Lopo está todo inteirinho nos seus quadros, nas idiossincrasias, no desenvolvimento do seu raciocínio, na cultura mais plausível do nosso tempo, e na descoberta, soberba, no mundo interior das figuras femininas, nos seus cuidados, desvelos, afectos, ou mesmo na atitude satírica, que é implícita ou explicitamente, a seriedade da pintura, que encontra eco em toda a parte. E parte dos seus quadros são autênticas estrofes, a identificação do homem com o eterno feminino, com a graciosidade das flores, a visão cósmica, onde assenta a personalidade deste artista que vai crescendo em novas etapas e não toma a Arte, como um mero logradouro de turistas.
Mas Luís Castro Lopo, é um artista versátil que tem longos caminhos a percorrer, outras imagens, o finito e o infinito, as dúvidas e as certezas, na mais vasta significação da sua pintura que absorve todos os credos estéticos.

Manuel Bontempo
in "O Despertar", Coimbra, 22-09-1993



Ao contemplar a recente obra de Luís Castro Lopo, sinto mais uma vez que estou em presença de um grande artista. Retratando objetos de consumo do nosso quotidiano, como uvas, nozes, romãs, cebolas, etc., não deixa de nos impressionar pelo aspeto real com que o autor as apresenta. Todas elas adornadas por belas peças de cerâmica ou estanho, que completam perfeitamente um conjunto, com que o pintor consegue a abordagem tradicional da natureza morta.
A sua obra contém a autenticidade das cores e o realismo com que executa as formas.
Este ambiente calmo e contemplativo proporciona ao observador uma alegre sensação de contato com o natural.
Nestas obras está refletida a segurança que o artista sente ao executá-las e que nos é transmitida na contemplação das mesmas como resultado de grande experiência e de muito trabalho de atelier.

Amélia Galveias
(Galeria São Francisco, Lisboa, Novembro 2008)



Fui à inauguração da Exposição de Pintura de Luís Castro Lopo, na Galeria de São Francisco, no Chiado, e não resisto a publicar aqui a imagem de um dos seus quadros. Adorei todas as Naturezas Mortas deste pintor, o que quer dizer que gostei de todos os quadros expostos, sem exceção. São lindos, de uma beleza e de uma depuração extraordinária, muito poética e exaltante. Se puderem, não percam esta exposição que se pode ver até ao fim do mês de Maio na Rua Ivens, 40. Muitos parabéns ao Luís Castro Lopo, que conheci pessoalmente na inauguração. Impressionou-me a beleza da pintura e a sensibilidade do olhar.

Laurinda Alves
(Jornalista) 23-12-2012




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